O começo...
A história do Fusca é uma das
mais complexas e longas da história do automóvel. Diferente da maioria dos
outros carros, o projeto do Fusca envolveu várias empresas e até mesmo o
governo de seu país, e levaria à fundação de uma fábrica inteira de automóveis
no processo. Alguns pontos são obscuros ou mal documentados, já que o projeto
inicialmente não teria tal importância histórica, e certos detalhes perderam-se
com a devastação causada pela II Guerra Mundial . Grande parte dessa história
pode ser condensada como se segue.
O "Volksauto ou Carro do povo"
No início da década de 1931, a
Alemanha era assolada por uma dura recessão, e tinha um dos piores índices de
motorização da Europa. A maioria de suas fábricas era especializada em carros
de luxo, montados à mão, e ainda muito caros. Por isso, e mais uma série de
fatores, a ideia de um carro pequeno, econômico e fácil de produzir começou a
ganhar popularidade. Era o conceito do "Volks Auto" - ou "Volks
Wagen", expressões alemãs que traduzem a ideia do "carro
popular".
Desde 1925 um conceito básico muito semelhante
ao que viria ser o Fusca já existia, obra do engenheiro Béla Barényi (famoso
projetista, responsável por várias melhorias de segurança passiva). Nos anos
seguintes vários protótipos e modelos surgiam, como o Superior, da firma
Standard, projetado pelo húngaro Joseph Ganz - este modelo inclusive era
relativamente barato, cerca de 1500 marcos.
Até mesmo fora da Alemanha a ideia ganhava forma, com os aerodinâmicos Tatras ganhando as ruas da então Tchecoslováquia - carros estes que o próprio Hitler conhecia e admirava. Aerodinâmicos, resistentes e bonitos, possuíam motor traseiro refrigerado a ar, chassis com tubo central e eram obra do engenheiro austríaco 'Hanz Ledwinka, um conterrâneo e amigo do futuro projetista do Fusca.
Abaixo a foto do Tatra 87, que foi descontinuado assim que a Alemanha invadiu a Tchecoslováquia...
Abaixo o Standard Superior, cuja semelhança com os primeiros protótipos do Fusca trariam problemas à Standard.
Ferdinand Porsche em 1940...
Esta ideia cativou também o
projetista de carros o austríaco Ferdinand Porsche, um conceituado engenheiro
da época, que desde 1931 abrira seu próprio escritório de desenho. Ele também
tinha os seus planos para o VolksAuto ou Carro do povo, planos estes que em
breve começariam a ser postos em prática.
Logo assim que montou seu
escritório ele recebeu uma encomenda da Wanderer (parte da Auto Union,
atualmente Audi) para uma linha de sedãs de luxo. Apesar da proposta, o projeto
resultante (que recebeu o n° 7, para dar a impressão de não ser o primeiro) era
já um pouco semelhante no design ao Fusca.
O Typ 12 e o Typ 32 de Porsche
Abaixo a réplica do Zündapp "Typ 12", um dos protótipos do Professor Porsche, que mais tarde daria origem ao Fusca.
Modelo do Porsche "Typ 12", em exposição na cidade alemã de Nürnberg.
Ainda em 1931 a Zündapp,
fabricante de motos, decidiu se arriscar na ideia do carro popular alemão. Eles
encomendaram ao escritório (Konstruktionbüro) Porsche a construção de um
protótipo de carro popular. Porsche construiu três (na verdade a mecânica foi
fornecida pela Zündapp, e as carrocerias pela Reutter que foram batizados de
"Tipo 12".
Porsche estava bastante
entusiasmado com o projeto. O carro era compacto, com motor traseiro radial de
cinco cilindros (semelhante a motores aeronáuticos), 1200cc, e contava com uma
carroceria aerodinâmica, para reduzir a potência necessária e o tamanho do
motor.
Os primeiros modelos, ainda muito
diferentes do Fusca, estavam prontos já em 1932. No entanto, a Zündapp, por
problemas financeiros, rompeu o contrato. Porsche ficou com um dos carros,
entretanto nenhum deles sobreviveu à guerra.
Porsche, porém, já havia
negociado com outro fabricante para desenvolver um "Volkswagen".
Seguindo a tendência da Zündapp, a NSU decidiu entrar no ramo automotivo.
Porsche valeu-se então das lições aprendidas no projeto anterior, e das ideias
que ficaram mais refinadas, e o modelo da NSU acabou ficando bem semelhante ao
Fusca como o conhecemos. Tinha um motor de quatro cilindros boxer, suspensão
por barras de torção e o óbvio formato aerodinâmico. Apesar do refinamento do
projeto, entretanto, a NSU não conseguiu o capital necessário para iniciar sua
linha de automóveis, e em 1933 desistiu do projeto. Porsche, que sempre
construía 3 protótipos, mais uma vez manteve um (que sobreviveu à guerra e está
hoje no museu VW). A contribuição desse modelo NSU (firma que, assim como a
Zündapp, contribuiu com a engenharia do seu protótipo) seria valiosa mais
tarde, principalmente na hora de escolher o motor do Fusca.
O apoio de Hitler
Interior de um fusca...
Nesta época Hitler havia
ascendido ao poder na Alemanha estando comprometido com a modernização do país
e a recuperação da economia, principalmente do emprego. Entusiasta por carros
desde a juventude, Hitler via com bons olhos a ideia do carro do povo desde os
tempos em que esteve preso, quando leu sobre Henry Ford. Para ele a ideia de um
"carro do povo", feito por trabalhadores alemães e viajando por todo
o país, era a exata realização da plataforma política de seu partido.
Decidido a financiar uma empresa
estatal para produzir os automóveis que trafegariam por suas recém-inauguradas
Autobahns, Hitler deu sinal verde para o projeto. Três opções lhe foram
oferecidas pelos engenheiros Josef Ganz, Edmund Rumpler e Ferdinand Porschee.
Os primeiros dois eram judeus, e obviamente não agradaram a Hitler. Já Porsche
era famoso pelo seu trabalho na Daimler-Benz, carros dos quais Hitler gostava,
e, talvez mais importante, era amigo de Jacob Werlin, amigo e assessor para
assuntos automotivos de Hitler.
Em meados de 1933, Werlin, que
conhecia Porsche dos tempos da Daimler-Benz, intermediou o encontro de Porsche
com Hitler. Neste encontro, Hitler mostrou-se bem informado sobre os projetos
de Porsche na NSU e com opinião formada sobre o "carro do povo".
Hitler tinha pronto uma lista de exigências a serem cumpridas por Porsche, caso
o contrato fosse efetivamente firmado:
O carro deveria carregar dois
adultos e três crianças (uma típica família alemã da época, e Hitler não queria
separar as crianças de seus pais).
Deveria alcançar e manter a
velocidade média de 100 km/h.
O consumo de combustível, mesmo
com a exigência acima, não deveria passar de 13 km/litro (devido à pouca
disponibilidade de combustível).
O motor que executasse essas tarefas
deveria ser refrigerado a ar, pois muitos alemães não possuíam garagens com
aquecimento, e se possível a diesel, e
na dianteira.
O carro deveria ser capaz de
carregar três soldados e uma metralhadora.
O preço deveria ser menor do que
mil marcos imperiais (o preço de uma boa motocicleta na época).
Hitler solicitou ainda, que
Porsche condensasse suas ideias no papel, o que ele fez em 17 de janeiro de
1934. Ele encaminhou uma cópia a Hitler e publicou o seu estudo chamado
"Estudo Sobre o Desenho e Construção do Carro Popular Alemão". Ali
Porsche discorreu sobre a situação do mercado, as necessidades do povo alemão,
sua convicção na viabilidade de um motor a gasolina e traseiro (ao contrário do
que Hitler queria) e, principalmente, fez um estudo comparativo com outros
carros alemães frente ao seu projeto, onde concluía pela inviabilidade de
vender o carro por menos de 1.500 RM. Hitler leu o estudo, mas manteve-se
irredutível quanto à questão do preço, o que preocupou Porsche.
Após alguns discursos sobre o
projeto, Hitler finalmente colocaria a Associação de Fabricantes de Automóveis
Alemães (RDA, na sigla em alemão) encarregada da execução do projeto. Apesar
dos temores de Porsche, Werlin o convenceu a aceitar a verba de vinte mil
marcos por mês para desenvolver o projeto. Assim, em 22 de junho de 1934 o
contrato foi assinado, e os equipamentos foram instalados na casa de Porsche em
Stuttgart. A equipe de Porsche era liderada por Karl Rabe, e contava com o
designer Erwin Komenda (responsável pelo desenho da carroceria), Franz Xaver
Reimspiess (que desenvolveria o motor final e a logomarca VW), Joseph Kales,
Karl Fröhlich, Josef Mickl, Josef Zahradnik, e o filho de Porsche, Ferry.
Do detalhe, motor...
Motor 1300 do fusca, vendo-se a correia de borracha que propicia a refrigeração a ar através do giro da ventoinha do motor, localizada atrás da "capelinha":
Abaixo o motor aeronáutico desenvolvido por Porsche em 1909 que viria a ser utilizado no fusca...
Havia outros problemas além das
exigências de Hitler. Porsche rapidamente conseguiu a oposição da RDA, que era
a associação de classe dos fabricantes de carros na Alemanha, para o projeto do
Volkswagen. Acostumada com a produção de carros de luxo, a associação esperava
que o projeto não seguisse adiante. Por outro lado, a intervenção governamental
preocupava as empresas que pretendiam se lançar por conta própria no mercado de
carros populares - um exemplo era o executivo da Opel (e ironicamente futuro
presidente da VW), Heinrich Nordhoff, que defendia que um automóvel não deveria
ser produzido pelo governo e sim pelos fabricantes. Não bastasse a oposição
política, o Fusca deveria agora passar pela aprovação da própria RDA, que iria
custear o projeto (função que Hitler lhe havia entregue), através de uma série
rigorosa de testes jamais antes aplicada a carro algum. As dificuldades
técnicas envolvidas no projeto não eram menores. Fabricar um carro pequeno que
tivesse o desempenho e confiabilidade das especificações era um desafio bem
maior que o projeto de outros carros da época, e exigia o desenvolvimento de
novas tecnologias e de soluções inteligentes. O motor foi uma dificuldade à
parte. Primeiro, foram tentados motores de dois e três cilindros, para reduzir
os custos, mas eles não eram confiáveis e não produziam a potência necessária
para o carro. Para economizar espaço pela eliminação do radiador, optou-se por
um motor refrigerado a ar. Como o motor era traseiro, havia problemas técnicos
para a tomada de ar para a refrigeração. Um engenheiro da equipe de Porsche
sugeriu usar um motor radial de cinco cilindros, oriundo do Typ 12 (que tinha a
vantagem de já estar pronto). Inicialmente a ideia pareceu absurda, pois este
era um "motor de avião". No entanto, por algum tempo, tentou-se esta
solução.
Finalmente, após testes com um
motor vertical, alguns horizontais e até alguns "dois tempos", e com
os prazos cada vez mais curtos, Reimspiess desenvolveu um desenho funcional de
um motor traseiro de quatro cilindros (boxer oposto dois a dois) refrigerado a
ar. Ironicamente baseado em um motor de avião desenvolvido pelo próprio Porsche
anos antes (1909), este motor se provou mais confiável, silencioso, econômico e
barato do que todos os outros da época. Denominado E-Motor (o E indicando
quantas tentativas foram feitas até se chegar ao desenho final), o motor era
basicamente igual ao atual, salvo pela bomba de combustível elétrica
(substituída pela bomba mecânica, mais confiável) e pelo virabrequim em ferro
fundido. A escolha do motor de quatro cilindros teve a oposição ferrenha de
Heinrich Nordhoff (então representando a RDA), mas esta foi a escolha final.
Chapas de metal curvado, encurtando o capô dianteiro e a traseira
"corcunda", acabaram por dar ao carro o aspecto característico de
"besouro". Um problema com a traseira tão curta foi obter espaço para
o motor. Uma ideia genial, adotada no Fusca, foi inclinar o motor levemente
para dentro, o que economizava preciosos centímetros do capô.
No mais, a suspensão era
resistente, por barras de torção, e a carroceria era sólida, o que reforçava a
ideia de um carro popular e durável.
Os primeiros protótipos
O prazo para desenvolver o
projeto era exíguo, apenas seis meses. Em dezembro de 1934 o número de
protótipos encomendados passou para 3, de acordo com a filosofia de Porsche.
Embora o prazo fosse curto, Porsche temia desagradar Hitler, e portanto, em
1935, dois modelos ainda um tanto rústicos estavam prontos. Com fundo de
madeira e motores dois tempos de 850cc, os modelos eram um sedan de carroceria
fechada - chamadoVersuch 1 (V1), ou "Protótipo 1" - e um conversível,
V2, feito para agradar o Führer, entusiasta por conversíveis.
Em 12 de outubro de 1936 os dois
pré-protótipos, mais um com carroceria em aço (que somado a outros dois em aço,
construídos com a ajuda da Daimler-Benz, formariam a Série W30) foram entregues
à RDA para os testes (dois dos carros contavam com o motor que acabaria sendo
escolhido para o Fusca). Em três meses cada um deles rodou 50 mil quilômetros,
enfrentando os piores terrenos, durante uma rotina de testes seis dias por
semana. Para satisfação de Porsche, o relatório final da RDA aprovava o
projeto. Os problemas ficaram apenas no freio, que ainda era a varão, e o
virabrequim (girabrequim), que quebrava com frequência.
Abaixo segue a representação da
traseira do protótipo VW30. Observe-se a ausência dos para-choques e da janela
traseira. Os rasgos serviam tanto como janela quanto para ventilação:
Em 1937 foram produzidos trinta
modelos de uma versão revisada do projeto, incluindo modificações oriundas da
bateria de testes anterior. Produzidos pela Daimler-Benz e financiados pela
RDA, essa série ficou conhecida como VW30, e era muito semelhante ao produto
final, embora sem janela traseira e sem para-choques (nas primeiras fases do
projeto, posteriormente foram equipados com para-choques). Esses modelos foram
submetidos a uma bateria de testes ainda mais dura, chegando os trinta em
conjunto a rodar 2,4 milhões de quilômetros nas mãos de membros da SS, a elite
da tropa de Hitler.
Modelo 1950: modelo Standard,
apenas 50 unidades trazidas para o Brasil. Sem frisos ou cromados, essa versão
é virtualmente idêntica aos modelos que ficaram prontos em 1938.
Após testes tão completos, a
estrutura do carro ficaria praticamente concluída, faltando apenas acertar os
detalhes da carroceria. Em 1936-37 Porsche havia viajado para os Estados
Unidos, onde pôde acompanhar os processos de fabricação em série. De lá ele
trouxe alemães habituados a trabalhar em Detroit, que o ajudariam a viabilizar
a fabricação em massa do projeto. Contando com essa ajuda, Erwin Komenda pôde
então trabalhar na forma final do carro. Ele fez então uma maquete de
pré-produção, em madeira e tamanho natural. Dentre as mudanças mais visíveis
estão as janelas traseiras bi-partidas (incorporadas em 1937 pela Reutter), a
tampa do motor e do capô, e as portas com abertura normal, além dos estribos
(os modelos de teste ficavam muito sujos nas estradas mais precárias).
Com a finalização do projeto,
máquinas e ferramentas foram também trazidas dos EUA. Cerca de quarenta e
quatro modelos em metal dessa nova série (VW38/39) foram então fabricados, para altos executivos
e para fins de propaganda e exibição.
Paralelo a isso, a Tatra,
fabricante dos T77 e T87 na Tchecoslováquia,
vinha desenvolvendo carros semelhantes ao
Fusca desde 1932 (protótipo V570). Hitler era um admirador dos velozes carros, e certa vez comentou:
"Estes são os carros para minhas
autobahns". Coincidentemente ou não Porsche conhecia Hanz Ledwinka, o projetista dos Tatras. Com a
finalização dos testes do Fusca e sua
iminente entrada em produção, a Tatra foi forçada pelas forças de ocupação alemãs
a desistir do projeto T97 (praticamente
igual ao protótipo VW30).
O destino dos vários protótipos
O Fusca gerou um número incomum
de protótipos e modelos pré-produção. Após a finalização do projeto, Hitler
ficou temeroso de que todas as tribulações do projeto se tornassem públicas,
manchando a imagem da superioridade alemã que ele tanto pregava. Assim, após a
certeza de que os modelos de pré-produção (V1, V2, VW3, VW30) não seriam mais
necessários, o Führer ordenou o desmantelamento de todos eles, tarefa que ficou
novamente a cargo da SS. Estava assim encerrado o longo ciclo de projeto do
carro, após quatro anos e milhões de Reichmarks investidos.
Existiram pouco mais de 40
protótipos Volkswagen até a conclusão do projeto - um V1, um V2, três VW3,
trinta VW30, três modelos finais de madeira e os três VW38 presentes na
cerimônia de fundação da fábrica. O número não é exato, entretanto, devido ao
fato de alguns Versuch (V1 e V2) terem sido aproveitados na construção dos VW3,
e de igual maneira alguns (senão todos) VW3 terem se tornado VW30. Embora deles
oficialmente só tenham restado desenhos e fotos, o chassi do VW30, número 26,
sobreviveu até nossos dias, tendo sido recuperado em um ferro-velho austríaco.
Esse chassi foi utilizado em um Kübelwagen, o que evitou sua destruição.
Existem planos por parte de seu atual proprietário de restaurá-lo. Além disso,
rumores não confirmados dão conta de que um VW30 cabriolet teria sobrevivido na
Tchecoslováquia.
Os protótipos NSU 32, Zundapp 12
e Aerocoupe (um coupe aerodinâmico que viria a ser o embrião dos futuros
Porsche 356, pertenciam ao Professor Porsche, e todos (menos o Zundapp 12 e um
dos Aerocoupe) sobreviveram à guerra.
Paralelo a isso, a Volkswagen
encomendou ao restaurador Werner Zinke réplicas dos modelos VW3 (1998) e VW30
(2000), que hoje se encontram no Museu Volkswagen. Conta-se que, por ocasião
dos sessenta anos da Volks (1938-1998), a ideia da diretoria era construir uma
réplica do V1, mas acabou-se encomendando o VW3, ao custo aproximado de DM
300.000,00.
Quanto aos veículos pré-série
VW38, embora os que participaram da cerimônia de fundação tenham se perdido, um
sedan foi resgatado na década de 1950. Convertido para carvão durante a guerra,
este veículo foi restaurado pela própria Volkswagen e se encontra hoje em um
museu. Junto com ele se encontra outro VW38, que havia sido presenteado a
Hitler.
Somando-se a estes existe um
terceiro VW38, encontrado na Lituânia. Está atualmente (2009) em restauração, e
pertence ao mesmo dono do W30. Observe que todas as placas dos modelos citados
começavam com as letras IIIA. Essas letras eram na verdade o prefixo para todos
os carros registrados na região de Stuttgart, entre 1906 e 1945. Atualmente um
bom exemplo é o prefixo WOB, utilizado nos carros de Wolfsburg, e o prefixo S,
para a atual Stuttgart.
O início da produção
Abaixo o motor 1100cc de 1945
Devido a um pedido de subsídio
que a RDA fez, e à oposição de Porsche a este pedido, a RDA acabou rompendo com
o projeto do Volkswagen. Porsche estava convencido que com um bem planejado
sistema de produção em massa poderia construir o carro ao preço sugerido e sem
o subsídio.
Foi fundado então já em 1937 a
Gesellschaft Zur Vorbereitung des Deutschen Volkswagen, GmbH (GeZuVor), em
português, "Sociedade para a Produção do Automóvel Popular Alemão",
ficando responsável pela produção do carro. O GeZuVor era parte integrante do
Deutsches Arbeiter Front (DAF), ou "Frente de Trabalhadores Alemães",
que era uma organização custeada por contribuições dos trabalhadores. Uma outra
seção chamada "Kraft durch Freude", (ou KdF), "Força pela
Alegria" ficou responsável pelo sistema de vendas do carro.
O carro foi batizado oficialmente
de KdF-wagen, e a KdF decidiu que cada carro seria vendido por um sistema em
que o interessado deveria pagar cinco marcos por semana e tomar posse do carro
apenas depois de completar os pagamentos (parecido com o "consórcio"
que existe no Brasil). Apesar de não saberem exatamente quando o carro ficaria
pronto, cerca de 175 mil alemães aderiram ao plano.
Em 26 de maio de 1938 foi
colocada a pedra basilar da fábrica, com a presença do próprio Hitler. Mais de
setenta mil pessoas participaram da solenidade. O evento teve pesada cobertura
da mídia alemã, gerando alguma repercussão internacional, ideia do próprio
Hitler, que pretendia exportar o carro para vários países.
Em 15 de agosto de 1940 o
primeiro KdF Wagen deixou oficialmente a linha de produção, agora com nome
interno "VW Typ 1". Era azul escuro/acinzentado, assim como seriam
todos os KdF vendidos. Entretanto, até 1944 apenas 640 deles seriam produzidos,
e nenhum chegaria às mãos dos que aderiram ao plano dos 5 marcos. Todos seriam
distribuídos entre a elite do partido nazista.
A Volkswagen na III Guerra Mundial
No entanto, em 1939, com a
inevitável eclosão de uma guerra na Europa, todos os recursos disponíveis foram
destinados ao esforço de guerra alemão. A Volkswagen, anteriormente um grande
instrumento de propaganda da capacidade tecnológica alemã, foi rapidamente
integrada às ambições militares de Hitler. A produção foi interrompida após
fabricação de poucas unidades, e a fábrica foi dedicada a produzir veículos de
guerra baseados na plataforma do Fusca - usos previstos por Porsche, em seu
projeto de carroceria separada do chassis, e pelo próprio Hitler, que tinha
este uso em mente por trás da própria iniciativa em financiar todo o projeto.
Prisioneiros de guerra franceses e russos foram
utilizados como mão de obra, atitude que levaria a prisão de Porsche na França,
posteriormente.
Os veículos produzidos nesta época foram:
1943 Kübelwagen 25 hp 1131cc
Kübelwagen
Kommandeurwagen (typ 82)
Kommandeurwagen (typ 83)
Schwimmwagen (carro nadador, carro anfíbio - typ 166)
Schwimmwagen (carro nadador, carro anfíbio)
Schwimmwagen
Kübelwagen - Versão alemã do futuro jipe americano, era
basicamente um Fusca com carroceria angulosa e aberta. Seu nome significa
"carro caixote", uma alusão aos bancos simples dos primeiros
protótipos do jipe ("Kübelsitzwagen", "carro com assentos de
caixote", typ 62). Foram desenvolvidas versões 4x2 e algumas poucas 4x4, e
sua produção se estendeu até pouco depois da guerra. Cerca de 52.000,00
unidades do typ 82 foram produzidas.
Schwimmwagen - Como indica seu
nome (carro nadador), era um carro anfíbio, baseado no Kübelwagen 4x4. Cerca de
14.000 unidades produzidas.
Kommandeurwagen - Carro utilizado pelos oficiais na África e
partes da Europa, era basicamente um Kübelwagen 4x4 com a carroceria
arredondada do Fusca de uso civil. Existiu nas versões "typ 82",
"83" e "87". 669 unidades produzidas.
Além destes veículos algumas
versões civis chegaram a ser produzidas, além de alguns veículos pitorescos,
como a versão "Holzbrener" do Fusca, movida à pirólise (queima) de
madeira (a lenha mesmo). A Volkswagen em si também esteve envolvida com
projetos mais sinistros, como a bomba V2.
A retomada da produção no
pós-guerra
Após a guerra, a Alemanha foi
dividida em zonas que ficaram sob controle dos aliados. A zona em que ficava a
fábrica do Volkswagen, complexo chamado de "Cidade KdF", rebatizada
após a guerra de Wolfsburg, ficou na zona controlada pelos britânicos. O
comando da fábrica ficou nas mãos do Major Ivan Hirst, que se tornaria um
apaixonado pelo Fusca.
Os britânicos, sem saberem
exatamente o que fazer com a fábrica, acabaram por reativar a produção em
agosto de 1945, para produzir carros para as forças de ocupação e para o
serviço público alemão. Apesar dos intensos bombardeios sofridos pela fábrica
durante a guerra, grande parte das ferramentas haviam sido movidas para os
porões, tornando a retomada da produção algo relativamente simples. Datam deste
período algumas variações interessantes, como pick-ups e furgões, utilizadas em
serviços públicos como hospitais e correios.
No entanto, os britânicos não
desejavam administrar para sempre a fábrica e tinham de encontrar uma forma de
passá-la para o governo alemão. A solução foi chamar o antigo dirigente da RDA,
e inimigo do Fusca nos seus primórdios, Heinz Nordhoff, para assumir a fábrica.
Fê-lo em janeiro de 1948, com carta branca do Major Hirst, e ficou no cargo até
sua morte em abril de 1968. Logo Nordhoff percebeu que a única forma de
expandir a fábrica, e gerar importantes empregos para os alemães no pós-guerra,
era exportar os Fuscas, particularmente para os Estados Unidos.
O sucesso e o fim da produção
A icônica janela bi-partida, introduzida em 1938, que se tornaria um dos símbolos do carro (na foto, um modelo de 1949).
O Fusca não foi sempre o mais
barato dos carros, como pode-se pensar a princípio, e de fato vendeu pouco nos
primeiros anos de importação/produção na maioria dos diversos países onde a
Volkswagen se instalou. Em 1949, por exemplo, a Volkswagen firmou um acordo com
a americana Chrysler para usar a rede de concessionárias desta última para
vender o Fusca. No ano inteiro apenas dois carros foram vendidos nos EUA.
As razões para esse início tímido
variam. Alguns países tinham um embargo contra produtos alemães (uma fábrica na
Irlanda foi construída para contornar esta situação), e a moeda, que até 1948
era o Reichmark, atrapalhava um pouco a economia e, por tabela, a fábrica. Sem
a vantagem de uma produção em larga escala o custo do carro não seria viável.
E, além disso, os consumidores estavam acostumados a diferentes paradigmas de
produção, e estranhavam muito a configuração incomum do carro, com seu motor
traseiro e sua forma arredondada, sem radiador.
Mas logo que as dificuldades
econômicas foram superadas, rapidamente a fama de "indestrutível" do
carro começou a se disseminar, ajudada pela mecânica simples (menos coisas para
dar errado), pelo oferta e esquema de distribuição de peças sobressalentes e, principalmente,
pelo marketing da Volkswagen, que soube capitalizar sobre a resistência do
carro.
Logo o Fusca dominou sua fatia de
mercado na maioria dos lugares onde foi lançado, ajudado pela precariedade dos
concorrentes diretos e pelo boom de crescimento dos países vitoriosos na II
Guerra (principalmente EUA). A Volkswagen aproveitou para expandir a linha de
veículos (todos ainda a ar), como a Kombi, o Karmman Ghia, etc. Além disso a
facilidade da mecânica permitia alterações personalizadas, abrindo caminho para
adaptações feitas por empresas independentes - como roadsters (o famoso
Hebmüller) e mesmo sedans (coupé Stoll).
Tal versatilidade de projeto
permitiria à Volkswagen diversificar sua linha aproveitando a plataforma e/ou
componentes do Fusca. A Kombi foi a primeira derivação de porte, já em 1950.
Embora utilizasse um chassi próprio, sua mecânica era a mesma do Fusca, e mesmo
seu desenho foi pensado para refletir aquele do seu "irmão mais
velho" - pode-se perceber claramente a inspiração no desenho da dianteira,
nas linhas que seguem das janelas para se encontrar entre os faróis, como se
fosse o capô do Fusca.
Logo em seguida viria o icônico
Karmman Ghia, que permitiria a Volkswagen entrar timidamente no mercado de
carros luxuosos. Já no final da década de 1950 o Fusca se mostrava uma aposta
certeira para a Volkswagen, que se expandia rapidamente para além mar (chegaria
no Brasil, por exemplo, já em 1957). Sua robustez e versatilidade permitiram a
criação da linha Volkswagen "a ar", contando com os modelos citados
acima, além dos novos Type 3 e 4 (variações semelhantes aos nossos Volkswagen
TL, Variant e 1600).
O sucesso do Fusca evidentemente
colocou a Volkswagen em posição privilegiada. Entretanto esta posição era
frágil, uma vez que estava largamente baseada apenas em um carro - e qualquer
decisão errada feita no modelo poderia levar ao colapso da firma inteira. Para
piorar a situação, após a guerra a Tatra processou a Volkswagen pela quebra de
várias de suas patentes. A questão foi resolvida fora dos tribunais em 1961,
com uma cifra que acabou prejudicando os investimentos na renovação do Fusca
durante a década seguinte.
Tais fatores impediriam a Volks
de realizar qualquer mudança radical no carro - não que ela não tenha tentado.
Vários protótipos chegaram a ser testados, veja o EA 97/1, uma clara tentativa
de atualizar o carro. Outros protótipos visando substituir o carro foram
criados, e alguns ganharam as ruas como modelos de produção paralelos ao Fusca
- caso da Brasília brasileira, por exemplo. Uma versão "modernizada"
do carro até ganharia discretamente as ruas na década de 1970 - conhecida como
modelo "1303", contava com suspensão frontal tipo McPherson,
para-brisa envolvente, painel protuberante e mais espaço no porta malas.
Fusca no túnel de vento em 1973.
O modelo 1303, com suspensão dianteira McPherson e com porta-malas maior.
Porém nenhum conseguiu suplantar
as vendas do Fusca (a Brasília chegaria a fazê-lo no Brasil, mas já no final do
ciclo da linha a ar). A popularidade do Fusca só aumentava, e em 1973 ocorreu o
auge da popularidade e produção, com 1,25 milhão unidades produzidas no ano. Entretanto, o fim da linha já
estava a caminho desde os anos 1960. A linha "a ar" não duraria para
sempre, e o fluxo de caixa parecia não permitir investimentos em novas
tecnologias. A solução seria comprar a tecnologia necessária para novos carros,
ao invés de investir em pesquisa. Assim, utilizando o pico de vendas de seus
modelos "a ar", a Volkswagen comprou a rival Auto Union, formada pela
fusão de famosas marcas alemãs (a DKW, a AUDI, a HORCH e a WANDERERr, além da
NSU. O extenso know-how em motores refrigerados a água dessas empresas
permitiria a renovação total da linha VW, garantindo o futuro da empresa após o
fim das vendas dos modelos "a ar". Embora timidamente a princípio (o
primeiro Volkswagen "a água", o K70, foi um fracasso), a nova linha
começou a se estabelecer em 1973, com o lançamento do Passat. Se a idade do
Fusca já começava a gerar dúvidas, a aposta da própria Volkswagen em uma linha
refrigerada a água só serviu para ressaltar ainda mais a obsolência do carro.
Já nos anos 1970 a produção começou a cair, sendo encerrada na década de 1980
em todo o mundo - menos no México, onde sua aceitação entre os taxistas deu-lhe
uma sobrevida surpreendente, semelhante ao que aconteceu no Brasil com o
Volkswagen Santana. Porém, novas leis de emissão mexicanas decretaram o fim do
carro em 2003, e o último carro foi enviado para o museu em Wolfsburg.
O último Fusca, no museu da Volkswagen.
No geral, o multiuso e
indestrutível projeto de Porsche, as peculiaridades da economia do pós guerra,
o sucesso das iniciativas de Nordhoff, incluindo peças de publicidade criativas
e divertidas, somado ao charme do "carrinho", acabaram tornando o
Fusca o carro mais popular da história do automobilismo, superando em 1972 o
recorde do Ford modelo T, ao comemorar a produção de 15.007.034 unidades. Com
um número final recorde de 21.529.464 Fuscas produzidos no total (não contando
os outros modelos a ar ou o New Beetle), o Fusca é o modelo de carro mais
vendido no mundo, mantendo basicamente o mesmo projeto (se for considerado
apenas as vendas por marca, o nome Corolla já vendeu mais de 30 milhões de
carros, mas de várias "gerações" diferentes).
Independentemente das vendas, o
Fusca se tornou aos poucos um clássico, com os modelos mais antigos sendo
bastante procurados por colecionadores e aficionados e inflacionando
rapidamente. Por exemplo, um modelo de 1951 pode atingir, dependendo de suas
condições, valores da ordem de até R$ 50.000,00 no Brasil.
Evolução do Fusca no Brasil
A partir de 1950, o Fusca começou
a ser importado para o Brasil. No dia 11 de setembro de 1950 desembarcaram no
porto de Santos 30 Volkswagen e permaneceram por lá em exposição. O sucesso foi
imediato, os veículos avaliados em CR$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros), foram
vendidos pelo extraordinário valor de CR$ 60.000,00 (sessenta mil cruzeiros)
cada veículo.
O modelo importado era o
conhecido "Split Window", com vidro traseiro dividido em dois, modelo
Export (havia o Standard, mais simples, nunca trazido para o Brasil).
Diante do sucesso, a empresa
Brasmotor (ainda existente hoje, sob o nome Brastemp) começou a montar os
veículos que era importados da Alemanhar
1952 câmbio com 2ª, 3ª, 4ª
marchas sincronizada. O governo Getúlio Vargas passa a taxar a importação de
veículos já montados (CEXIM), para incentivar a produção nacional. Empresas
estrangeiras que se instalarem oficialmente no Brasil receberiam incentivos
fiscais .
1953 a Volkswagen se instala o
bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo e assume a montagem do veículo. O
Fusca passa a ser importado, exclusivamente em kits "CKD"
("Completely Knocked Down"), onde as caixas importadas como
"autopeças" recebem menos imposto. O modelo produzido já era o que
tinha janela traseira única, oval.
Em 1954 passava a contar com janela traseira oval conforme a foto abaixo:
Em 1954 já com janela oval e
ainda:
1954 Motor 1200 cc com taxa de
compressão de 5,8:1 e 30 cv
1955 Portas sem vinco na folha
interna. Escape com 2 ponteiras cromadas
1957 Novo cilindro de roda do
freio
1958 No modelo 1958 alemão, foi
lançado o vidro traseiro retangular, porém no modelo 1958 brasileiro ainda foi
fabricado com o teto antigo e o vidro traseiro oval. Nova taxa de compressão
6,6:1, agora com 36 cv.
1959 o Fusca passou a ser
oficialmente produzido no país com 54% de nacionalização de suas peças. Dentre
as novidades, o novo volante cálice; maçanetas externas ganharam botão de
acionamento, para-sol emborrachado, dínamo de 160 watts. Além da tradicional
padronagem interna branco-cinza gelo, torna-se opcional outras padronagens
monocromáticas: azul pastel, azul turquesa, verde berilo e bege havana. A
janela traseira aumentou de tamanho e passou a ser retangular neste modelo.
Em 1961 o carro passou a ter:
caixa de marchas sincronizada, para resolver o problema das
"arranhadas" e o painel ganhou uma alça de segurança para o
passageiro.
Em 1962, novas lanternas
traseiras. A nova janela havia sido introduzida em 1959.
Em 1962 o Fusca passou a ter
chassi nacional, faróis com facho assimétrico (o farol sealed-beam sai de
linha), gancho cabide; nova lanterna traseira bicolor (versão que durou nos
modelos standard até 1983).
Em 1963 ganhou novo descanso de
braço, lavador de para-brisas pneumático e janelas traseiras basculantes, reservatório
de fluido de freio de plástico, além de amortecedor de direção.
Em 1964 novo tanque de
combustível, mais baixo, que permitia melhor acomodação da bagagem. 1ª série:
bancos dianteiros quadrados com forração semelhante ao modelo 1963, porém com costura
eletrônica. 2ª série: bancos quadrados com faixa de tecido 100%
"pijaminha"
Em 1965 foi o ano do lançamento do
Fusca com teto-solar, que ficou conhecido como "Cornowagen". Logo o
acessório foi rejeitado e muitos proprietários, incomodados com o apelido
(segundo rumores dado ao carro por um executivo da Ford), mandaram fechar o
teto. Houve também mudanças nas lanternas que passaram a ser modelo
"sorriso curto" e na luz de placa ficando mais larga. Bancos
dianteiros de encosto curvo "corcundinha" com faixa de tecido 75%
"pijaminha". Trava de volante e chave de ignição conjugados na mesma
peça.
Em 1966 o VW perdeu o brasão do
capô. Nesse ano, a Volkswagen assumiu o controle da Vemag, encerrando no ano
seguinte as suas atividades. Em outubro de 1966, já como modelo 1967 o Fusca
ganha vidro traseiro 20% maior e depois limpador de para-brisas (novos braços e
palhetas) parados no lado do motorista. Estes últimos modelos ainda possuiam
motor 1200 e tampa traseira com maçaneta de girar (e saia traseira com desenho "H")
Em 1967, a Volkswagen lançou motor
1300 cc com 46 cv no lugar do antigo 1200 de 36 cv. Nas propagandas, apareciam
os carros com uma cauda de Tigre saindo da traseira em alusão a maior potência.
Novo distribuidor centrifugo de tampa baixa, filtro de ar com bocal de
aspiração maior; novo pedal do acelerador; rodas aro 15 com janelas para
refrigeração dos freios; comutador de luz alta foi para a alavanca de seta.
Vale notar que foi durante esta
época que o Fusca sedimentou a Volkswagen no mercado nacional, permitindo o
lançamento de vários derivados no mercado nacional, tais como o VW 1600, o TL,
a Variant, o Karmann Ghia TC, o SP2, a Variant II, o Brasília e o Gol.
Em 1968 Sistema elétrico de 12
volts. O Fusca ganha retrovisor externo de série, modelo "bracinho"
Em 1969 Espelho retrovisor
"raquete". Em retrospecto, embora muitos falem que o Fusca de 1954 a
1969 só tenha mudado o vigia traseiro e o para-brisa, neste período foram
feitas mais de 2.500 mudanças no motor e em outras partes do automóvel.
Em 1970 o Fusca ganha cintos de
segurança e extintor de incêndio. Nova pedaleira com pedais de embreagem e
freio mais afastados. Na 2ª série, mudanças na frente e traseira: pará-choques
de lâmina simples, maçaneta do capô dianteiro com botão de segurança. O capô
dianteiro e traseiro ficaram mais curtos, para evitar que se prende sem ao
para-choque em caso de colisão. Foi lançado o Fuscão, modelo jovem de
acabamento requintado e motor 1500 de 52cv. O Fusca 1500 durou de 1970 até
1975.
O 1600S,como "O Besourão,ou "Super Fuscão...
1971 A Volkswagen é a primeira
montadora brasileira a realizar testes de impacto (crash-test) para avaliar a
segurança da carroceria em caso de colisões.
1972 Nova chave de seta; luz de
cortesia interna passa da coluna para o meio da porta do motorista.
05/72-> Fuscão 1500:
distribuidor tampa alta semelhante ao do 1200
1973 Novo farol de perfil reto,
padronizado para atender a legislação quanto a altura do facho em relação ao
solo. As janelas laterais basculantes e o sistema de ar quente passam a ser
opcional. No Fuscão 1500, as grades do capô traseiro aumentam.
05/73-> embreagem 200 mm com
guia de rolamento
1974 Botões no painel em plástico
maleável com inscrições de função, novo volante bumerangue, chave de seta em
plástico, nova padronagem do revestimento dos bancos, sistema de ventilação
interna com saídas atrás do vidro lateral (orelhinhas). Muitos pensam que sua
função é ventilar o interior do carro quando, na verdade, é o inverso.
02/74-> tampa de inspeção da
caixa de direção e tampa de acesso ao varão do câmbio plástica 03/74->
distribuidor tampa alta com novo platinado no 1500 07/74 -> 1300 perde o
friso no estribo / fim do emblema VW no capô dianteiro 10/74 -> fim do
emblema 1300 (todos 1500 tiveram emblema) 11/74-> caixa de fusíveis c/ 12
fusíveis; filtro de ar elemento de papel; distribuidor tampa alta (1300) /
tampa externa de acesso ao varão do câmbio na caixa (na saia) plástica;
Lançamento do Fusca 1600S - o
besourão
Equipado com bancos reclináveis;
volante esportivo Walrod de três raios, painel com conta-giros, marcador de
temperatura, relógio e amperímetro. Motor 1600cc de 65cv com carburação dupla,
rodas aro 14 (idênticas às da Brasília) com pneus radiais opcionais, bitolas de
150 e 130 mm maiores do que o do VW fuscão. Também tinha uma cobertura plástica
na cor preta sobre a tampa traseira, que lembrava as asas de um besouro. Foi
inspirado nos VW-s yellow and red racer, modelo alemão com suspensão dianteira
McPerson. Com três nomes oficiais, o clássico instantâneo denominado 1600S
Besourão ou super fuscão compõe com os modelos de teto solar as versões de
maior procura pelos colecionadores.
1975 Pisca alerta no painel ao
lado esquerdo do cinzeiro. Lavador de para-brisa com acionamento no pé. Haste e
palhetas do para-brisa pintadas de preto. O Fusca 1300 agora tem rodas de 4
furos. Motor 1300 com nova taxa de compressão 6,8:1 (motor de numeração BJ)
11/75-> trilho largo nos
bancos dianteiros (Resolução Contran 477-74)
1976 é lançada a versão 1.300-L.
O farol passa a ser fixado direto no para-lamas.
BJ 321.619 / BS 604.332 (03/76)
-> pedal do acelerador em plastico 10/76 -> coluna de direção
anti-penetrante (Resolução Contran 477/74), volante estria fina
1977, o Fusca apareceu com
mudanças estruturais, comando do limpador de para-brisas na chave de seta e
barra de direção retrátil, que protege o motorista em caso de choque frontal.
Também ocorreu uma mudança no bocal do tanque, que passou para a lateral
direita do carro. Neste ano o governo Geisel lança um plano para reduzir o
consumo de gasolina, a VW passa a equipar o VW 1300/1300L com carburador Solex
H30 PICS, com nova giclagem para reduzir as emissões e o consumo.
1978 O interruptor do
pisca-alerta foi transferido para a coluna de direção e foi adotada uma chave
única para portas, capô do motor e ignição. Retrovisor externo de plástico e
retrovisor interno apenas encaixado (para soltar em caso de colisão). A
Volkswagen monta um laboratório de emissões para avaliar métodos de redução da
poluição emitida pelo motores.
01/78-> Respiro do motor com
sistema positivo, os gases do carter agora retornam à admissão. 07/78 ->
macaco tipo “joelho” / encaixe do macaco no assoalho alterado BJ-859000 e
BS-626000 (01/12/78)-> troca de óleo passa a ser feita a cada 7500km
1979, houve uma alteração nos modelos 1300 L e
1600, as lanternas traseiras se tornam maiores e passam a ser chamadas
"Fafá", em alusão aos grandes seios da cantora Fafá de Belém. A
lanterna menor continuou a ser utilizado nas versões 1300.
Em 1981 foi lançado o Fusca 1300 com
motor a álcool.
Em 1982 chegou um painel com relógios
retangulares e a nova versão 1300 GL com "luxos" como rádio AM/FM,
acendedor de cigarros, apoios de cabeça dianteiros, desembaçador do vidro
traseiro, janelas traseiras basculantes, protetor de borracha nos para-choques,
aquecimento e novo logotipo 1300 em branco com o GL em vermelho.
Em 1983, a empresa resolveu
rebatizar o modelo no Brasil, adotando finalmente o nome que se tornara
popular, Fusca. Até então o automóvel era oficialmente denominado "VW
Sedan" nos registros dos Detran. A lanterna modelo Fafá passou a ser
padrão para este modelo único, fabricado somente com o motor 1300. Novo respiro
do motor sem o cano que vai para baixo.
Em 1984 o motor 1300 deixou de ser
produzido. Agora passa a equipá-lo o novo motor 1600, conhecido como tork, com
válvulas de escape maiores, capela de refrigeração com radiador deslocado,
válvula de aquecimento de partida a frio (Termac) e o carro passa a contar
também com freios a disco na dianteira, mais eficientes. Cinto de segurança de
3 pontos, bancos dianteiros com encosto de cabeça. O VW 1600 com carburação
simples passa a ser equipado com Carburador Solex H30/31 PICT.
Em 1986 a Volkswagen desistiu de fabricá-lo alegando que era um
modelo muito obsoleto, apesar de ser ainda um dos doze carros mais vendidos
daquela época. Um dos motivos era a necessidade de abrir espaço em linha de
montagem da fábrica de São Bernardo do Campo para o Santana e para o VW Fox, a
ser exportado para os EUA.
Em 1993, por sugestão do então
presidente Itamar Franco a empresa voltou a fabricar o modelo. Itamar queria a
fabricação de carros populares e sugeriu que o Brasil precisava de um carro
como o Fusca. Foi aprovada então a Lei do carro popular, que previa isenções de
impostos para os carros com motor 1.0 e também para os que tivessem com
refrigeração a ar, sendo assim e o Fusca e a Kombi, embora tivessem motores de
1.6l, foram incluídos. O carro vendeu muito menos que da meta esperada pela
Volkswagen. A principal razão para que o Fusca não vendesse tão bem se deve ao
fato de seu acabamento espartano demais diante dos concorrentes surgidos em
meados da década de 1990, como o Fiat Uno Mille e Chevrolet Corsa de primeira
geração, que tinham preços muito próximos do velho Besouro, porém, com
acabamento e espaço interno melhores que os do Fusca. Em 1996, a empresa deixou
de produzir novamente o carro, com uma série especial denominada Série Ouro. A
partir daí, ele só seria produzido no México. Nesse segundo período, foram
produzidos no Brasil cerca de 47.000 exemplares.
Para os brasileiros, o Dia do
Fusca ocorre todo dia 20 de janeiro, sendo, em vários centro urbanos,
comemorado com eventos e festas por amantes e colecionadores deste modelo.
As modificações
A versatilidade da mecânica do
Fusca garantiu o mercado de modificações, seja as "oficiais" (vide o
Porsche 356), seja as caseiras (Baja, gaiolas, triciclos). Na verdade, o Fusca
já foi transformado em quase tudo, desde aviões (modelos experimentais), motos
(a Amazonas 1600 do Brasil), barcos (pequenos barcos de madeira com um motor
boxer adaptado, ou mesmo o carro inteiro impermeabilizado), e até mesmo bombas
d'água ou geradores.
Na verdade, tal versatilidade é
uma consequência das aspirações militares do projeto original do Prof. Porsche
- a plataforma do Fusca, projetada para ser facilmente modificada em
Kübelwagens e Schwimmwagens continuou perfeita em tempos de paz para gerar
Bajas e Gaiolas sem muito custo.
Não raro, tais carros superam até
mesmo veículos off-roads "genuínos" em certos terrenos, devido a
tração traseira e ao baixo peso, aliado a confiabilidade do motor Volkswagen
(algo que se pode notar também nos Fuscas, Kombis e Brasílias).
Dada a popularidade do Fusca, o
fim de sua produção não significará o fim da disponibilidade de carros para
modificar tão cedo. Embora não tão populares quanto a alguns anos, as
transformações ainda ocorrem, e com o inevitável envelhecimento da frota
disponível, parece a única solução para muitos carros quase sucateados.
Fusca de competição de arrancadas na Alemanha
Baja de Rally alemão
Baja califórnia
Kit de montagem do Baja Califórnia
Gaiola
II Geração "Volkswagen New Beetle" (1998 a 2011)
Em 1994 a Volkswagen realizou um estudo de design em sua
filial americana. O estudo se propunha a atualizar o Fusca com tecnologias e
tendências modernas. O resultado foi um protótipo chamado "Concept
1", baseado na plataforma do VW Polo com um motor Diesel híbrido. Apresentado
no salão de Detroit, o conceito fez tanto sucesso que a Volkswagen decidiu
produzi-lo em série quatro anos depois, em 1998.
Volkswagen Fusca 2012
Em 2010 a Volkswagen anunciou que 2011 seria o último ano de
fabricação do New Beetle, e que uma nova geração estava a caminho. Um dos
objetivos estabelecidos pela fábrica era tornar o carro mais
"masculino", e para tanto o carro seria mais baixo, largo e com
formas menos arredondadas, mais próximas ao modelo original.
O carro foi oficialmente lançado em 18 de abril de 2011, com
eventos paralelos em Shangai, Berlin e Nova Iorque.
Ainda dentro do objetivo de melhor identificar o carro com o
original, a matriz alemã deu carta branca para que as filiais lançassem o carro
nos seus mercados com o apelido que o primeiro modelo ganhou em cada um desses
locais. Dessa forma, o carro foi lançado em setembro de 2012 como Fusca no
Brasil, embora tenha mantido o nome Beetle em Portugal
Mais longo que seu antecessor, agora com 4278 mm de comprimento,
e 12mm mais baixo, o carro é agora baseado na plataforma A5 (PQ35), a mesma do
Volks wagen Jetta e do Golfde sexta geração. É fabricado junto com o Jetta,
Golf Variant e o Jetta "Clásico" na fábrica da Volkswagen em Puebla,
México
Thats All folks!
olá pessoal! meu nome é Joelson, sou Militar e Pr. Evangélico, doei um fusca 1969 para ser sorteado, fins levantar uma pequena congregação de nossa igreja, o fusca é todo original e a lataria é perfeita como novo, tem um valor sentimental, pois foi o último carro que meu pai trabalhou antes de morrer, mais abri mão pois é para uma boa causa. Sei que vcs são apaixonados por fusca assim como eu, caso interesse pode ligar para mim. O valor do sorteio é de 10,00 reais e serão 1.000 números de 000 à 999 à correr pela loteria federal no último sábado de novembro de 2015. Em breve terei foto pois estou terminando de montar, tel (21) 967514085 vivo whatzap rio de janeiro Um abraço e obrigado a todos
ResponderExcluir