Após muita garimpagem finalmente encontramos a chave de seta genuína Volkswagen anos 60, que era produzida no Brasil pela Metalúrgica Carto especialmente para a Volkswagen. Esta peça além de rara, não mais é fabricada há muito tempo, mas pode-se encontrar réplicas de boa qualidade da empresa estadunidense Empi.
Apesar do excesso de Zinabre esta peça encontra-se muito íntegra e o que me chamou atenção: sem folgas e sem "clics", sinal de peça em boas condições.
Como a peça é feita em liga de antimônio com magnésio, a ação do zinabre é maios, mas para isto há solução: raspagem com uma lâmina para remoção da tinta antiga e do zinabre, cuidando para não danificar a peça e depois lixa fina para acabamento e preparação.
Você vai precisar de um lubrificante WD40 ou outro de seu agrado; duas ou três folhas de lixa, uma média e outra mais fina para acabamento; duas chaves de fenda, um alicate de bico, um pincel, pedaço de pano e hastes de algodão (cotonnetes).
No detalhe, o botão de relampejo da luz alta... também íntegro...
Depois de limpar a parte externa, vamos para a parte interna: para abrir devemos remover o anel retentor da peça, que tem uma abertura para se fazer facilmente este procedimento. Deve-se achar a abertura do anel e arrastá-lo com o auxílio de uma chave de fenda fazendo a abertura do anel chegar até este ponto da seta azul na borda da carcaça da chave seta.
Vejamos com a peça limpa: achado a ranhura no anel de segurança, basta empurrá-lo como descrito anteriormente até uma das pontas da borda da carcaça da chave, pode ser em qualquer uma delas...
Com a chave de fenda, levante a parte do anel que está oposta à borda da carcaça e com o auxílio de um alicate de bico de ponta, coloque esta parte sobre a borda... feito isso, é só apoiar a chave de fenda na parte inferior do anel (seta azul) e ir batendo levemente no sentido indicado, no final da volta toda o anel sairá facilmente. Se colocar um pouco de lubrificante WD 40, você pode fazer este movimento puxando com o alicate de bico a parte da seta vermelha, o resultado será o mesmo, resta fazer o que lhe for mais conveniente.
Solto o anel de segurança da chave de seta, vamos para a abertura, e devemos prestar atenção. Entre o vão das duas partes da peça, enfie uma lâmina ou até mesmo uma chave de fenda e vá torcendo e mudando de posição vagarosamente e vá "espiando" na fresta até ver esta mola: ao encontra-la, apoie outra lamina sobre ela, pois no momento da abertura ela costuma saltar fora, e se você estiver fazendo isto próximo a um gramado, na varanda de casa por exemplo, e esta mola saltar para o lado da grama... hehehe, dor de cabeça das grandes. Então ao localizar esta mola, apoie com uma outra chave sobre ela e pode assim separar as duas partes.
Após aberta a chave de seta, você terá esta visão: a primeira foto é da primeira metade, parte que fica fixada na coluna de direção, onde ficam apenas os contatos do acionamento dos piscas...
Na segunda metade, é a parte móvel da haste da chave de seta, onde fica todo o restante do mecanismo, com a mola de retorno (à esquerda), as molas e chapinhas de retorno automático (à direita abaixo), e a chapinha de contato do acionamento dos piscas (acima)... mãos à obra,,, bastante spray WD 40 e pincel, com o auxílio de um pano e hastes de algodão (cotonnetes) para uma melhor limpeza e lubrificação.
Observação: caso a mola tenha saltado fora no momento de abertura, aproveite para limpar a parte onde ela fica, que é neste "case"... e detalhe, vai uma arruela de apoio em cada lado da mola, não tem segredo, basta pressiona-la que ela fica bem encaixada, ela salta fora pois nas duas extremidades da outra metade da chave de seta existe dois pinos que quando a peça está fechada, fica um em cada lado da da mola, e durante a sua retirada, um destes pinos acaba raspando na mola puxando a mesma para fora do "case".
Após a limpeza, hora de unir as peças, comece observando o lado da mola, encaixe os dois pinos de acionamento da peça fixa (lado esquerdo) com a parte onde a mola está alojada (lado direito), mas atenção, não encaixe por completo pois deve observar o outro lado, nas chapinhas de desativação do pisca...
Vire a chave cuidadosamente para não mover as partes A e B e observe estes pinos indicados pelas setas vermelhas, eles devem entrar após você empurrar as chapinhas da seta azul com uma chave de fenda para dentro. Se você não fizer isto, não consegue fechar e unir as partes A e B da chave de seta.
Pronto, tudo certo, partes A e B unidas, não devemos esquecer de colocar o anel de travamento das peças, para isto basta seguir de forma contrária o processo de retirada do mesmo conforme está descrito acima (6ª e 7ª fotos).
Vamos para o teste de acionamento: segure com firmeza a parte que vai presa à coluna de direção...
Segurando a chave conforme descrito acima, acione a haste conforme indicado na foto abaixo e observe se ela vai ficar parada no ponto e se a chapinha do centro vai sair pra fora conforme a foto...
Após acione para o lado oposto e observe se a outra chapinha sairá para fora...
Se deu tudo certo, ok, você realizou os passos conforme deveria...
...caso contrário, se deu algo errado, abra novamente e repita todos os passos vagarosamente que dará certo...
Serviço pronto, missão cumprida. Para durar mais 47 anos.
Emendando o tópico:
Logo após terminado o serviço na chave de seta do fusca do meu irmão acima, resolvi fazer o mesmo na minha chave, porém esta, estava com um defeito desde que comprei o carro há dois anos: a chave não parava na posição quando eu acionava o pisca para a direita. O processo de desmontagem nós já sabemos, então vamos à análise da peça já aberta:
Como meu amigo instrumentista, Lucas Portal, acompanhou todo o processo, depois de descartarmos as hipóteses de molas soltas e/ou chapinhas e reparos quebrados, e após algumas horas batendo a cabeça para encontrar a falha, aí está ela, desgaste da cavidade das peças de travamento, que deve ser bem côncava na parte das chapinhas internas que abraçam o pino de travamento da chave. Nos pontos azuis ficariam os pinos de travamento quando a chave é acionada, ou para a direita ou para a esquerda... estas cavidades estavam quase planas.
Constatei também um dos cotovelos da chapinha de destravamento quebrado (no detalhe). Isto não prejudicava a operação da chave, mas poderia atuar num futuro próximo...
Logo, resolvi colar com uma minúscula, porém eficiente, bolinha de mistura de cola Poxipol para reconstituir o joelho da peça. Na peça circulado em azul a chapa como deveria estar, e abaixo em vermelho, a peça já reparada.
O serviço foi fácil, porém delicado e cuidadoso, já que se deveria fazer com uma LIMA, uma nova cavidade na peça para que o pino de travamento seja envolvido plenamente pela peça quando esta for acionada...
Usei a LIMA em diagonal, revesando a ferramenta entre lado esquerdo e lado direito da peça para ter um funcionamento uniforme...deve -se ter cuidado para não deixar cantos, arredondando sempre para evitar travamento e posterior quebramento da chave por excesso de força.
Prontas as cavidades, é só re-instalar para testar...
No detalhe, os pinos que prendem a peça quando o pisca é acionado...
Agora sim, é só comemorar...
Missão cumprida.
Muito bem explicado, gostei da orientação.
ResponderExcluirGracias. Após longo afastamento, voltaremos ainda este ano para o blog. Fraterno abraço!
ExcluirParabens pelo escelente trabalho dee restauração da chave de seta original do Fusca em antimõnio.
ResponderExcluirGracias. Após longo afastamento, voltaremos ainda este ano para o blog. Fraterno abraço!
Excluir